Agricultura no período colonial em Moçambique
3.Conceitos básicos
Agricultura
– consiste numa acção voluntária do homem sobre um número restrito de plantas
escolhidas e sobre o meio no qual elas crescem com vista a obter uma produção mais abundante, mais
regular e de melhor qualidade. MELO citado por CUNGUARA (2011: 7).
Latifúndio – para
agricultores com técnicas elevadas.
Minifúndios - para
pequenos agricultores.
Irrigação – é
uma técnica utilizada na agricultura que tem por objectivo o fornecimento
controlado de água para as plantas em quantidade suficientes no momento certo.
Pesticidas
– são todas as substancia ou misturas que tem como objectivo, impedir destruir,
repetir ou mitigar qualquer praga.
Adubação -é
a pratica agrícola que consiste no fornecimento de adubos ou fertilizantes ao
solo de modo a recuperar ou conservar a sua fertilidade. CUNGUARA (2011: 12).
4.Agricultura no
período colonial
A
agricultura no período colonial reflectiu o processo histórico da integração da
economia agrícola tradicional no mercado mundial. Os colonizadores colocavam
Moçambique ao seu serviço com a introdução de culturas obrigatórios com
algodão, matéria-prima necessário às indústrias têxteis da metrópole em franca
expansão
A
agricultura no período colonial, era exercida pelos colonos e por empresas ou
companhias organizados com capital nacional estrangeiro ou misto. De referir
que no período colonial era praticada agricultura empresarial e familiar.
A agricultura empresarial era praticada pelos
colonos e por empresas ou companhia com investimentos avultados, trata se de
uma agricultura mecanizada, com possibilidade de irrigação, o que contribuem
para o êxito nas com irregularidade das chuvas. (MOSCA, 2005:20).
A
agricultura no período colonial manteve-se subdesenvolvida, pois, a grande
maioria manteve-se no campo produzindo com a enxada. No entanto, o
subdesenvolvimento da agricultura fora planificado para servir os interesses
primitivos do capital através da extracção do excedente no campo dos
camponeses, sob forma de força de trabalho para a produção de mais-valia, ou
sob a forma de produtos dos camponeses comprados a preço baixo.
Desprovendo
da capital financeira, a burguesia portuguesa no poder não fez mais do que
arrendar vastas parcelas de capitais estrangeiros como forma de manter a sua
esmónia e domínio colonial sobre o país. Assim, o Centro e o Norte de
Moçambique foram arrendados a companhias estrangeiras com poderes em funções
não só económicas, mas também políticos e administrativos. O Sul de Moçambique transformou-se
para o capital mineiro na África do Sul.
Durante
a primeira fase da colonização também se assistiu-se a uma imigração de colonos
portugueses para Moçambique o que nas áreas rurais contribui para a formação
dos latifúndios e muitos beneficiaram da política colonial de apropriação das
Terras férteis dos camponeses e das instituições do trabalho forçado. (MOSCA,
2005:22).
4.1Características da
agricultura no período colonial
A
agricultura era praticada com base na forca de trabalho da família, havendo em
muita regiões a prática da ajuda mútua e o assalariamento sazonal para as
actividades que mais necessitava de mão-de- obra. Nas zonas onde existia o gado
bovino (principalmente no sul e nos distritos de Angonia e Manica e em algumas
zonas da província de Zambeze), o transporte era realizado utilizando atracção
animal no caso de agricultores que era simultaneamente criadores. A “imitação”
tecnológica a partir das empresas agrícolas teve também importância, e nas
zonas com maior densidade de machambas dos colonos que se verificou uma maior adopção
de sementes melhoradas de produtos químicos e de mecanização (principalmente através
de aluguer de maquinas (MOSCA, 2005:53).
Nas
zonas de maior potencial de produção de milho foram introduzidas variedades de
sementes mais produtivas, geralmente importado da Rodésia do sul.
Nos
colonatos exemplo de Chókwe, os pequenos agricultores estavam ate certo momento
limitado administrativamente de salários, trabalhadores, dificultando acumulação
e inovação tecnológica. A preparação do solo era basicamente feita com tracção
animal, foram introduzidas variedades de arroz pouco exigente em fertilização e
portanto também pouco produtivos.
Nas
machambas dos colonos existiam grandes variações as que se destinava a produção
de vegetais e frutas para abastecimento dos centros urbanos, utilizavam
produtos químicos dos solos, sendo acolheita e a operação que exigia
mão-de-obra.
Nas
zonas produtores de cerais, tabaco e oleaginosas, praticava se tecnologias
semelhantes a referidas anteriormente. Nas grandes plantações, tanto de
culturas permanentes como dos anuais a principal de forca de trabalho era colheita.
(MOSCA, 2005:82).
4.2.Formas de
utilização de Terra no período colonial
Propriedades
de ocupação da terra existiam no tempo colonial a possibilidade de obtenção do
título sobre o solo, urbano e rústico. Neste momento e desde a nacionalização a
terra é propriedade do estado. Relativamente a ocupação da terra para fins
através, não existem mudanças fundamentais quanto a distribuição e áreas
cultivadas por famílias camponesas. Os pequenos produtos continuam com parcelas
de dimensões semelhantes á existentes antes da independência.
As
limitações da Terra agrava erosão que se verifica em zonas de elevadas
densidade populacional, o conflito na utilização da Terra existiam nalgumas
zonas entre agricultura e pecuária.
(MOSCA, 2005:83).
Moçambique
possui uma superfície de 79.938 mil Km2 dos quais cerca de 15.065km2 eram
utilizadas para fins agrícolas havendo ainda aproximadamente cerca 52.873km2
não ocupada mas com boas condições de utilização agrícola. Apenas cerca de
10.000km2 não possui característica para utilização agrícola sendo os restantes
2.000km2 ocupado por rios e lagos.
A
estrutura da ocupação da terra reflecte o processo de colonização descrito na
secção anterior dos cerca de 2 milhões e quatrocentos e seis mil hectares com
menos de 10 hectares, 56,6% desta superfície era de parcelas com 2 e 3
hectares. Certo de 90% de parcelas
possuía em 1970 3 ou menos hectares. As maiores parcelas localizavam-se nas
províncias de Gaza, Inhambane e Niassa com médios província de entre 2 e 2,2
hectares Zambézia e Nampula eram as províncias onde as parcelas e familiares
era de menor dimensão respectivamente com 0,9 e 1,2 hectares. As duas últimas
províncias foi onde se verificou a semiploletarização do campesinato com
fenómenos migratórios regionais geralmente na época de maior de necessidade de mão-de-obra
e as províncias do Sul beneficiaram-se da socialização da tracção animal na
preparação da terra como consequência de aplicação de transferência de trabalho
migratório.
A
superfície média por parcela no sector moderno varia entre 134ha no Niassa e
1270ha no Zambeze e segue se as províncias de Lourenço Marques, Inhambane,
Nampula com maior superfície média respectivamente com 924.688 e 605ha
igualmente existem justificações baseadas nas formas de penetração do capital e
do modelo de colonização, as plantações de monoculturas na Zambeze (açúcar, chá,
copra e sisal). E em Nampula (algodão e sisal) (MOSCA, 2005:88).
5.Agricultura no
período pós-independência
A
política de agricultura em
Moçambique sofreu grandes mudanças na viragem da década 1950, transformações
que foram em parte, o resultado de pressões interna e externa geradas pela
conjuntura pós segunda guerra mundial, cuja expressão do volto forma as
revindicações da liberdade autodeterminação e independência. O nacionalismo
económico preconizado por Salazar não havia surtido os efeitos desejados a
longo prazo, constatado este facto, os governantes portugueses não viram outra
alternativa se não encetar reformas na globalidade da sua política em Moçambique
(e outras colónias) transformações essas que para o sector agrícola não foram
uma excepção.
De
referir que o estado moçambicano tomou algumas medidas visando modificar a
estrutura agricola afavor do povo moçambicano, essas medidas foram:
v Nacionalização
da terra;
v Introdução
de cooperativas e empresas estatais;
No
período pós-independência, a produção agrária teve decréscimos acentuados
devido a vários factores:
v Foi
na agricultura e sobretudo nas empresas estatais onde se concentram elevados
volumes de investimentos públicos e foi real a priorização da independência;
v Foi
o campo onde a guerra produziu os efeitos directos mais violentos e com maiores
consequências sobre a economia;
v A
política económica para a agricultura conteve erros importantes com efeitos
sobre o decréscimo da produção.
Não
obstante considerando os volumes de comercialização, pode-se constatar que em
alguns produtos existiu uma importante recuperação da produção: foram os casos
de algodão, citrino, chá, girassol e leite (referindo apenas aos principais).
Os citrinos, o chá, o girassol e o leite eram produzidos quase totalmente pelas
empresas estatais, o que revela que em alguns sectores existiu uma recuperação
da emprese estatal.
5.1Culturas de rendimento
O
sector familiar é responsável por cerca de 80 % de produto agrícola nacional
cultivando algodão, caju, milho, mapira, cabendo os restantes 20% ao sector
empresarial com culturas como chá, acucar, copra, sisal e tabaco.
Tradicionalmente,
o algodão e o tabaco constituem as duas principais culturas de rendimento.
Devido a sua rentabilidade financeira, o cultivo de tabaco está em expansão. Um
estudo realizado no vale do Zambeze conclui que os produtores de tabaco
possuem, em média, lucros anuais no valor de cerca de $731 dólares americanos,
o que representa cerca de metade de todo valor de produção de culturas. Mas
existem diferenças na rentabilidade do cultivo segundo algumas características
dos agregados familiares. Por exemplo, o mesmo estudo conclui que a
rentabilidade é consideravelmente menor no seio de agregados familiares
chefiados por uma mulher. Apesar da rentabilidade do cultivo do tabaco, deve-se
tomar atenção a sustentabilidade da expansão do seu cultivo. Isto porque a
secagem do tabaco é muito exigente em termos de calor, e geralmente usa-se
lenha para o efeito. O abate de árvores para a secagem do tabaco pode a longo
prazo provocar problemas ambientais caso não haja reposição das árvores. Actualmente,
culturas de rendimento “não tradicionais” estão a ser promovidas, como é o caso
do gergelim. (CUNGUARA, 2011: 13).
Recentemente,
a maior parte de investimentos em agro-processamento destina-se a
cana-de-açúcar, tabaco e chá. A área colhida da cana-de-açúcar na campanha
2010/11 foi de 35 376 hectares, o que representa um aumento de 9%, em relação à
campanha anterior. A produção obtida em 2010/11 foi a maior desde a
independência, representando um crescimento de 12%, em relação a campanha
anterior. Ademais, espera-se que se aumente a área de cultivo para 40 000
hectares na campanha 2011/12 em virtude do aumento na procura deste produto
pelas 4 açucareiras nacionais que actualmente se encontram em pleno
funcionamento.
5.2.Fruteiras
Segundo
McMillan et al citados por CUNGUARA (2011: 14), desde o tempo colonial, o caju
foi a principal fruteira em Moçambique. Mas a sua produção actual é bastante
inferior do que no tempo colonial. Existem inúmeras prováveis explicações para
o comportamento da produção: o envelhecimento do cajual, a ocorrência de doença
do oídium (fungos), a falta de reposição das árvores velhas, a queda drástica
no número de fábricas de processamento associada às privatizações das empresas
estatais, queimadas descontroladas, práticas culturais inadequadas, de entre
outras. Historicamente, o sector do caju teve uma elevada importância
económica, empregando milhões de pessoas. Nos anos 1960, Moçambique chegou a
produzir metade da produção mundial da castanha de caju. O sector sofreu um
declínio nos anos seguintes, devido a uma combinação de políticas adversas e a
guerra de desestabilização.
Enquanto
a produção do caju está a crescer, a produção do coco está a baixar. A redução
da produção do coco deve-se ao amarelecimento letal dos coqueiros, uma doença (virose)
cujo combate actualmente requer a remoção/abate das árvores afectadas e
quarentena de algumas zonas de produção. Contudo, os produtores do sector
familiar, que representam a maioria dos produtores de coco ao nível nacional,
mostram-se pouco favoráveis ao abate das suas árvores infectadas. Existem
alguns projectos que estão a disseminar variedades de coqueiros mais
resistentes/tolerantes à doença de amarelecimento letal. Mas a produção do coco
está igualmente a sofrer uma competição com o crescimento mundial da produção
do óleo da palma.
À
medida que se abatem os coqueiros afectados pelo amarelecimento letal e se
espera até que novas árvores cresçam até a maturidade, as famílias afectadas
devem encontrar novas fontes de rendimento. No entanto, em estudo realizado nas
zonas de maior predominância da doença do amarelecimento nas províncias de
Nampula e Zambézia mostra que quanto maior for a incidência da doença, menor é
a probabilidade das famílias afectadas dependerem da agricultura como principal
fonte de rendimento. Mas as famílias afectadas pelo amarelecimento letal do
coqueiro tendem a possuir menos bens duráveis (activos) e geralmente são os
mais pobres. Isto implica que mesmo que estas famílias não dependam apenas da
agricultura, elas tendem a participar em actividades de geração de menor
rendimento, devido aos seus baixos níveis de activos. (VALA, 2009:18)
Para além do caju e do coqueiro, existem outras
frutas e fruteiras de elevada importância socioeconómica no país, tais como a
banana e os citrinos. A banana é produzida essencialmente pelo sector familiar,
apesar de existirem alguns grandes produtores nas províncias de Maputo (por
exemplo em Umbeluzi) e Manica (Chimoio). As grandes produções de banana
destinam-se a cobrir os mercados das grandes cidades como Maputo, Matola e
Beira, e para a exportação para a África do Sul. Actualmente, a produção de
banana ocupa uma área total de cerca de 14 mil hectares em todo o país, com uma
produção anual estimada em cerca de 90 mil toneladas.
A produção média da banana estima-se em cerca de
6.4ton/ha para o sector familiar. Ela enfrenta como principais constrangimentos
a ocorrência de nem á todos e doenças, falta de tecnologias melhoradas e de
variedades de elevado rendimento, baixa fertilidade dos solos e longos períodos
de estiagem, característica comum entre os produtores na zona sul do país.
Em
relação à produção de citrinos, as províncias com maior potencial são Maputo,
Inhambane e Manica. O anuário estatístico de 2007 apresenta a evolução da
produção de várias culturas, mas os citrinos não possuem informação. No
passado, existiram grandes plantações de citrinos, mas a guerra não permitiu a
reposição de muitas árvores, o que pode ter contribuído para a redução da
produção total de total, mas não existem dados disponíveis para suportar esta
hipótese. Actualmente a produção é feita maioritariamente pelo sector familiar.
(CUNGUARA, 2011: 15).
A Política Agrária e outros instrumentos
normativos da Área Agrária em Moçambique
Em 1995, o Conselho de Ministros aprovou, através
da resolução n 11/95, de 31 de Outubro, a Política Agrária e as respectivas
Estratégias de Implementação, documento que se afigura como principal
instrumento de orientação em relação às intervenções que devem ser feitas e as
formas como tais intervenções devem ser conduzidas nas áreas de Agricultura,
Pecuária e Floresta na República de Moçambique.
A partir da Política Agrária e as respectivas
Estratégias de Implementação, foram desenhados diversos normativos de
especialidade, para cada uma das áreas ou sub-sectores, procurando delinear os
mecanismos e os devidos procedimentos dos actores intervenientes, em relação às
matérias que cada instrumento aborda.
De referir que a Política Agrária e as respectivas
Estratégias de Implementação constituem um documento meticulosamente bem
elaborado, bastante refinado, integrando todas as variáveis fundamentais a
serem levadas em consideração pelos actores que intervêm na área, para o
desenvolvimento dos sectores agrícola, pecuário e florestal.
Este instrumento apresenta com a profundidade
necessária as características da área agrária, os pontos fortes a serem tidos
em consideração nas intervenções, e as fraquezas existentes no país, como
elementos a serem superados, através dos planos, programas e projectos de
implementação da política.
Por
outro lado, além da Politica, a área agrária possui uma diversidade de documentos
legais e normativos, na sua maioria produzidos tendo como base de inspiração a
Política Agrária, que apresentam um extraordinário rigor de sistematização dos
problemas, e as possíveis soluções, o que faz com que a área agrária seja uma
das poucas áreas de intervenção do Estado Moçambicano dotada de instrumentos
jurídico-legais e de normas e orientação bastante avançados, e capazes de
permitir que qualquer actor que queira intervir nesta área, à partida, se sinta
amparado, em termos de instrumentos de orientação política e normativa.
Além
dos instrumentos normativos, a área agrária possui planos desenhados com
tamanha mestria que, se fossem implementados nos termos em que se encontram
concebidos, poderiam, de facto, revolucionar a situação e o desempenho desta
área, com destaque para a componente de agricultura, que é a que absorve a
maior parcela da população moçambicana.
Em
termos de exemplos de instrumentos de planificação deste sector, ou que tocam
matérias ligadas à área agrária, temos a destacar:
ü O
conhecido Progama Nacional da Agricultura PROAGRI (I e II), instrumentos
programáticos de acções, que incluem componentes que vão desde a capacitação
institucional, a formação de pessoal, a investigação, até a extenção;
ü O
Plano Director de Extensão Agrária, outro instrumento que, em termos de riqueza
de conteúdo, e de nível de esclarecimento da realidade moçambicana, em torno da
qual tal plano está a ser implementado (?), se equipara à própria Política
Agrária;
ü A
própria Estratégia da Revolução Verde que, apesar de ser bastante questionada,
entretanto, apresenta aspectos bastante substantivos, referentes à sua
operacionalização. São elementos enquadrados na própria Política Agrária, e
que, se pudessem ser traduzidos na prática, o actual cenário que caracteriza o
sector da agricultura19 seria ultrapassado.
ü A
Estratégia de Segurança Alimentar e Nutricional, um instrumento extremamente
importante para a componente de Segurança Alimentar e Nutricional.
ü Outro
instrumento a destacar é a Estratégia de Desenvolvimento Agrário, que apresenta
a área de extensão agrária como sendo das mais prioritárias do Ministério da
Agricultura.
Importa
sublinhar que, a clareza dos instrumentos existentes, possibilita que as
entidades fiscalizadoras das actividades dos diversos operadores da área
agrária, desenvolvam as suas actividades sem grandes constrangimentos. De igual
modo, permite que os órgãos administrativos, responsáveis pelo cumprimento, ou
por fazer cumprir as leis, normas e regulamentos nesta área, o façam com
propriedade, tudo isso em prol do desenvolvimento da área agrária, nas suas
diversas componentes, com a finalidade única de combater a pobreza, e promover
o desenvolvimento das populações comunitárias, e, acima de tudo, do país.
Vários
documentos consultados, como por exemplo: a própria Política Agrária, a Lei de
Terras, o Plano Director de Extensão Rural, a Estratégia da Revolução Verde,
dentre outros, são incisivos na apresentação da necessidade de intervenção na
área agrária, com principal destaque para o sector da agricultura, como aquele
que ocupa a maior parte dos moçambicanos.
Além
dos instrumentos específicos, existem os instrumentos que orientam as acções do
Governo, e que abordam a área agrária como das prioritárias, cujas acções têm
um grande impacto na vida das populações deste país, é o caso do Plano de Acção
para a Redução da Pobreza (PARPA), e do Programa Quinquenal do Governo.
Constrangimentos que afectam o sector da
agricultura
Embora a maior parte da população se dedique à
agricultura, este sector tem beneficiado de recursos do Estado bastante
reduzidos. Paralelamente a este aspecto, a componente de recursos humanos
qualificados, o fraco acesso à tecnologia, são alguns dos constrangimentos que
afectam com certa severidade o sector da agricultura.
Importa referir que quase a totalidade da
agricultura familiar não está mecanizada, utilizando, assim, técnicas de
cultivo rudimentares, concretamente, o uso da enxada de cabo curto para as
lavouras, dependência, por parte dos camponeses, das condições naturais do
clima, não utilização de fertilizantes, dentre outros factores. Deste modo,
apesar da produção da maior parte dos camponeses estar a registar aumento de
quantidades de ano para ano, muitas vezes estes resultados não chegam a
compensar os parcos recursos individuais investidos no processo de produção, o
que condiciona à perpetuação da situação de miséria a que muitos camponeses se
encontram. Mesmo os poucos agricultores que recorrem ao emprego da técnica,
devido às razões mencionadas, e a uma ausência de um estabelecimento bancário
capaz de fomentar a actividade agrária no país, tida como a base do
desenvolvimento, não têm conseguido ter rendimentos satisfatórios.
6. Modelos de localização
da agricultura no contexto moçambicano
O
País, registou uma melhoria significativa da produção agrícola, essa melhoria
tem sido atribuída fundamentalmente a expansão das áreas de cultivo e ou a
melhoria das condições climáticas em algumas zonas do País; não há ainda
evidências empíricas de que o crescimento da produção no País, poderá ter a ver
com o aumento da produtividade agrícola esta tem sido uma questão
frequentemente ignorada quando se analisa a agricultura em Moçambique. Devido à
sua localização geográfica, o País é afectado sistematicamente por calamidades
naturais (principalmente secas, cheias e ciclones), sendo por isso, importante
investir em tecnologias que visam o aproveitamento da água para irrigação, como
parte duma estratégia global de desenvolvimento do sector agrário. Não se justifica
que com tantos recursos hídricos, o país não possa explorar a capacidade de
explorar esses recursos em benefício da sua população e do País; o efeito das
calamidades (VALA, 2009:23)
O
maior potencial agrário das zonas Centro e Norte de Moçambique não é ainda
devidamente
Explorado;
além das infra-estruturas, há características e dinâmicas sociais e económicas
que
afectam
e constrangem, ou impulsionam, a capacidade de aproveitamento e desenvolvimento
do
potencial
agrário natural dessas zonas.
Os
elementos de dinâmica que devem ser considerados na análise do sector agrário
em Moçambique incluem:
v O
baixo uso de tecnologias melhoradas, incluindo sementes fertilizantes e
pesticidas;
v As
desigualdades no acesso e utilização da terra;
v A
fraca concentração de infra-estruturas de rega nas zonas prioritárias;
v O
fraco acesso aos mercados de insumos e factores;
v O
fraco apoio financeiro aos produtores.
Distribuição
geográfica das principais culturas de rendimentos
Culturas de rendimentos
|
Localização
|
Caju
|
Cabo delgado, Nampula, Gaza e
Inhambane
|
Cana-de-açúcar
|
Vale de Zambézia, maragra,
xinavane.
|
Copra
|
Litoral de inhambane
|
Algodão
|
Norte, centro, norte de Gaza e
inhambane
|
Fonte:
(MOSCA, 2005:268)
Distribuição
geográfica das principais culturas alimentares
Culturas alimentares
|
Localização
|
Milho
|
Todo o território
|
Mandioca
|
Nampula, cabo delgado, Inhambane
e Gaza
|
Mapira
|
Norte, centro e norte de Gaza e
Inhambane
|
Mexoeira
|
Sul deTete,norte de Manica,Gaza e
inhambane
|
Mandioca
|
Todo o pai, com excepção de zonas
altas
|
Feijão
|
Niassa, sul do save.
|
Arroz
|
Vales dos rios, em particular do
limpopo e da Zambézia
|
Fonte:
(MOSCA, 2005:273)
7.Impacto da actividade
agrícola na região sul, centro e norte de Moçambique
A
zona norte desempenha um papel importante na economia agrícola de Moçambique,
contribuindo com uma importante participação na produção e comercialização de
diversas culturas alimentares e de rendimento. A zona contribui com importantes
valores para as exportações de produtos agrícolas para o mercado da África
Austral e Oriental, e para outras regiões do mundo. Adicionado às condições
naturais que dão à região um potencial agrícola enorme, também existem outras
condições positivas para a zona atingir um desenvolvimento rápido e
sustentável. (VALA, 2009:52)
Não
obstante, a zona ainda tem um caminho longo por percorrer para chegar a níveis
mais altos de produção e produtividade, e melhorar a vida dos seus habitantes.
Esta edição do flash faz uma revisão dos desenvolvimentos recentes da
economia agrícola do norte de Moçambique, e analisa as perspectivas e
requisitos para o seu crescimento e redução da pobreza.
O
potencial agrícola do norte de Moçambique traduz-se na produção de várias
culturas alimentares e de rendimento, entre as quais o milho, mandioca, mapira,
mexoeiro, amendoim, feijões, algodão, cajú, girassol, gergelim e copra. A lista
de culturas e a sua classificação em culturas alimentares ou de rendimento
estão sujeitas a variações ao longo do tempo, em resultado dos desenvolvimentos
no sector e das oportunidades nos mercados, tanto domésticos
Como
de exportação. Tal como no resto do país, a quase totalidade da produção
agrícola no norte de Moçambique é feita pelo sector familiar, com o uso de
mão-de-obra familiar, e com recurso a instrumentos rudimentares e sem
fertilizantes, pesticidas ou herbicidas. Por outro lado, os produtores nunca
tiveram formas de organização em associações até muito recentemente, quando
algumas organizações não governamentais
O
norte de Moçambique tem um conjunto de condições básicas, tanto positivas como
negativas,
Com
impacto sobre o crescimento da sua economia agrícola. Entre as condições
básicas positivas contam-se:
v As
boas condições naturais para a prática de uma variada gama de culturas
alimentares e de rendimento, menor vulnerabilidade às secas que periodicamente
afectam o centro e sul do país;
v A
existência de uma longa experiência da prática de culturas de rendimento pelo
sector familiar;
v Países
da África Austral e da África Oriental como de outros pontos do mercado
internacional;
v A
existência de vários portos entre os quais o de Nacala, um dos maiores da costa
Índica africana, e a existência de uma linha férrea que liga este porto ao
interior da região norte de Moçambique e ao Malawi;
v A
existência de uma forte procura externa para algumas das culturas praticadas na
zona norte, entre elas o algodão, cajú, feijão boer e gergelim;
v A
existência de uma densidade populacional relativamente alta, o que representa
um mercado potencial dentro da própria região.
Estas
condições positivas são, contudo, acompanhadas por outras que são negativas, das
Quais
as mais importantes são:
v A
prevalência de elevado nível de analfabetismo entre a população da região,
v Graves
deficiências nas vias de acesso às zonas rurais,
v A
falta de grandes centros urbanos na região, capazes de serem fortes centros de
consumo e pólos de procura interna,
v O
isolamento comercial em relação ao centro e sul do país,
v O
fraco investimento em bens públicos tais como estradas, pontes, sistemas de
distribuição de electricidade às zonas rurais e redes de comunicação
telefónica, importantes para o crescimento da economia e a redução da pobreza
da região. (VALA, 2009:23)
8.Bibliografia
www.bibliotecademoz.blogspot.com/
CUNGUARA,
Benedito, sector agrário em Moçambique, Maputo, 2011.
MOSCA, João, economia de Moçambique século XX, Lisboa, instituto Piaget 2005.
VALA,
Salim crípton. Desenvolvimento rural em
Moçambique. Um desafio ao nosso alcance. Moçambique.2009
Nenhum comentário:
Postar um comentário